O ministro indicado do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, declarou
nesta segunda-feira (1) que a promoção da competitividade na economia é o
"desafio central" para avançar em uma "economia mundial cada vez
mais integrada" e avaliou que a indústria tem um papel decisivo no
crescimento do país.
"O desafio central é promover a
competitividade. O que signica reduzir custos sistêmicos e elevar a
produtividade. A agenda da competitividade envolve várias áreas dentro do
governo e demanda intensa articulação e coordenação. É papel primordial do
Ministério do Desenvolvimento realizar essa tarefa. E colocar o tema da
competitividade no centro da agenda política do país", acrescentou ele.
Papel da indústria
De acordo com o ministro, "crescer pela
indústria é sempre o melhor caminho". "Com criação de emprego,
disseminação de conhecimento e geração de divisas. A revalorização do papel da
industrial está sendo reconhecido em todo mundo, com definição de políticas
industriais até mesmo em economias maduras", acrescentou ele, que já foi
presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) - entidade de
representação do empresariado - no passado.
Monteiro Neto observou que, mesmo diante de
"adversidades e turbulências", a economia foi capaz de manter baixa
taxa de desemprego, garantindo crescimento da renda e do consumo no Brasil.
"Mas nosso país ainda apresenta elevados custos, com sistema tributário
complexo que onera investimentos e exportações", afirmou, citando ainda
deficiências na capacitação de "capital humano", de infraestrutura e
"excesso de procedimentos burocráticos".
Segundo ele, a melhora da competitividade na
economia brasileira está em consonância com os objetivos gerais da política
econômica anunciadas pelo ministro indicado da Fazenda, Joaquim Levy, e do
Planejamento, Nelson Barbosa. "O reequilíbrio macroeconômico é condição
fundamental para fortalecimento da confiança e da retomada de um crescimento
mais vigoroso", disse, acrescentando que isso permitirá aumento dos
salários, fortalecimento das demandas doméstica e social.
Dólar
Monteiro Neto não quis se arriscar a fazer uma projeção para a taxa de
câmbio, em um momento de pressão de alta do dólar no Brasil. Entretanto,
declarou que a política monetária dos Estados Unidos (com a retirada de
estímulos ao crescimento norte-americano) vai produzir "reorientação dos
frutos de poupança, com significativo efeito sobre o câmbio de uma maneira
geral".
"Acho que teremos um realinhamento cambial que
se dará em condições naturais [alta do dólar], sem nada que pareça movimento
brusco, ou que tenha caráter artificial. Não me arrisco a fazer uma projeção.
Taxa de câmbio real é mais importante do que o câmbio nominal. Para isso, o
Brasil precisa ter uma inflação menor. Se não, o diferencial de inflação
terminará por afetar o câmbio real", disse ele.
Mercosul, acordos comerciais e BNDES
Monteiro Neto defendeu ainda novos acordos comerciais, em um momento de
fraco desempenho da balança comercial. Em novembro, foi registrado o pior resultado para o mês dos últimos 20
anos.
"Precisamos envidar esforços para concluir o
acordo no âmbito do Mercosul e União Europeia, que está avançado. Podemos
promover um acordo com os países da América do Sul que integram a aliança do
pacífico, como o Chile e Colômbia. Isso oferece perspectivas ao país",
declarou.
Para o ministro indicado, que vai trabalhar nessa
fase de transição no Ministério do Desenvolvimento juntamente com o titular da
pasta, Mauro Borges, "há sempre necessidade de ajustes" no Mercosul -
bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
"Há assimetrias. Cada país tem dificuldades
macroeconômicas conjunturais. É sempre bom reconhecer que há dificuldades. Mas,
ao mesmo tempo, o fortalecimento do Mercosul nos oferece uma vantagem na
perspectiva de acordos com outros blocos econômicos, como por exemplo, com a
União Europeia. A perspectiva de um mercado ampliado na América do Sul, que
fortalece a nossa posição negociadora", declarou ele.
O ministro observou, porém, que ainda há alguns
"temas sensíveis" para destravar o acordo com a União Europeia, como
a oferta de bens industriais e com algumas outras questões relacionadas com
bens atgricolas. "Mas me parece que estamos avançando no sentido de
demover alguns obstáculos. Eu apostaria que é possível concluir esse acordo de
forma satisfatória nos próximos meses", disse Monteiro Neto.
BNDES
Após o pronunciamento à imprensa, Armando Monteiro afirmou que a
indicação para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e
Econômico (BNDES) ainda é analisada e, "naturalmente", ainda não há
definição.
Amando Monteiro disse, ao ser questionado sobre o
volume de financiamento que será concedido pelo BNDES em 2015, que é preciso
estimular a criação de um mercado de financiamento a longo prazo, pois o banco
não deve suportar “sozinho” todo o montante de financiamento do país, inclusive
permitindo o acesso de pequenas e médias empresas ao crédito oferecido pelo
órgão.
“Todos reconhecem que o ideal é que o país estimule
a criação de um mercado de financiamento para o prazo longo com os agentes
privados, porque, evidentemente, que o BNDES não pode suportar sozinho”, disse.
Fonte: G1
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